De uns anos para cá o autoconhecimento está em todos os lugares.
Livros, cursos, terapias, podcasts, todos nos convidam a entender nossas emoções, nossos padrões e nossa história.
Mas há uma armadilha sutil nisso: quanto mais tentamos entender, mais ficamos presos na mente.
E por mais paradoxal que pareça, entender não é o mesmo que perceber.
E essa diferença muda absolutamente tudo em um processo terapêutico.
A mente entende. O corpo percebe
A mente é o lugar do significado, da interpretação e da lógica.
Ela organiza o mundo em ideias, causas e efeitos.
É a mente que diz:
“Eu sei por que ajo assim.”
“Entendo de onde vem isso.”
“Já trabalhei esse tema na terapia.”
Mas o entendimento cognitivo não significa que o corpo — onde ficam registradas as feridas emocionais — se reorganizou.
Essas feridas não são apenas lembranças guardadas na mente.
Ele é uma impressão fisiológica, uma memória corporal e emocional, registrada na musculatura, na fáscia, nos batimentos cardíacos, na respiração e no sistema nervoso.
Por isso, alguém pode entender perfeitamente suas feridas e, ainda assim, reagir como se nunca tivesse compreendido nada.
Porque a reação não vem do pensamento, vem do estado fisiológico.
O limite do “entender”
A mente busca controle.
Ela tenta resolver a dor com mais pensamento, mais análise, mais explicação.
Mas o trauma não se dissolve pela via racional, porque ele não nasceu lá.
Enquanto a mente busca explicar, o corpo tenta completar reações interrompidas: defesas que ficaram presas, emoções congeladas, respostas de sobrevivência que não puderam ser concluídas.
E é por isso que muitas pessoas se frustram com processos terapêuticos puramente mentais: porque entendem, mas não sentem mudança real.
O corpo continua reagindo como se o perigo ainda estivesse presente: acelerando o coração, tensionando o diafragma, contraindo os ombros, bloqueando a respiração.
O trauma é, antes de tudo, uma alteração fisiológica.
E só pode ser transformado quando percebido e processado pelo corpo.
A potência de perceber
Perceber é diferente de pensar.
Porque perceber é sentir, presenciar, escutar o corpo.
É notar o calor nas mãos quando algo te toca emocionalmente, o nó no estômago quando algo te ameaça, o suspiro que sai quando algo relaxa.
A percepção acontece no campo sensorial e emocional, e é através dela que o sistema nervoso encontra segurança para se reorganizar.
Quando você percebe, o corpo ganha espaço para:
- Completar o que ficou interrompido;
- Soltar o que estava preso;
- Integrar a experiência vivida.
É nesse campo de percepção que o trauma começa a se transformar em consciência viva, e não apenas em um conceito mental.
O papel da Terapia de Somatização do Trauma
Na Terapia de Somatização do Trauma, trabalhamos justamente essa passagem:
do entender para o perceber, da mente que explica para o corpo que expressa, do controle para a presença.
Essa abordagem integra mente, corpo, emoções e instintos primitivos, permitindo que o sistema se reorganize de dentro para fora.
Não é sobre apagar o passado, mas sobre restituir a fluidez vital que ficou aprisionada nas respostas de defesa e sobrevivência.
Quando o corpo é incluído, o processo deixa de ser apenas uma reflexão, e se torna uma vivência real de transformação.
Um convite à presença
Quantas vezes você já entendeu tudo sobre um padrão seu…e mesmo assim, continuou reagindo da mesma forma?
Talvez não falte entendimento.
Mas falte percepção.
Comece observando seu corpo.
Respire com presença.
Note as sensações sutis que aparecem quando algo te toca.
É nesse simples ato de perceber que começa o movimento da verdadeira transformação.
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Danielli Malini

